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à margem e à

sombra

 

 

Quando eu falo de sombras, não me refiro ao lado sem luz. Lá é breu e sombras estão intensamente ligadas à claridade. À sombra, florescem vidas delicadas e sem espinhos, frescas em composição - e orquídeas precisam de um ambiente assim.

Aos domingos de manhã, o casal da Heroína, buscando de bicicleta novos lugares para passear, encontra - à margem da linha do trem e à sombra de uma sociedade sedenta por consumo, um "vilarejo" de pessoas simples, felizes, completas, que vivem em harmonia e se respeitam - mas que precisam da sombra da sociedade, assim como as orquídeas precisam da sombra das samambaias no seu lugar ao sol, assim como a Heroína - Alexandre Linhares precisa da sombra da indústria esmagadora para continuar fazendo o seu trabalho autoral, assim como a cidade precisa da margem da linha do trem para nutrir a metrópole viva. Surge então mais um trabalho poético. Um outro detalhe de “à margem e à sombra” que merece destaque, são peças oxidadas, submetidas à ferrugem, colhida em tampos no chão, no centro da cidade.

 

 

"Na minha jornada incansável à procura do que me surpreenda e que possa cobrir lacunas ainda com frestas no meu interior, me deparei com uma miragem. À margem direita do trilho do trem, habitam pessoas inocentes em si e sombreadas por uma sociedade que a muito não vê além do quadro da alienação. Ilhadas nelas mesmas, estão expostas ao nada e corrompidas pela inocência de uma locomotiva ligeira e breve, que venta em meia dúzia de camisetas no varal. Eu cheguei até lá e são essas pessoas que me inspiram nessa coleção. “à margem e à sombra” tem foco nas mangas – deliciosa sombra da mangueira, manga doce; manga que escorre pelas mangas... “arregaça essa manga menino!.. não, não limpa o nariz na manga!”.

estrela: Livia Deschermeyer / beleza: Thifany F. / fotos: Gio Soifer / vídeo e textos: Alexandre Linhares / voz off: Livia Deschermeyer / música: César Munhoz

 

 

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