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Foto do escritorH-AL | Arte têxtil

Residência em Residência


Em abril de 2020, participação da Semana Fashion Revolution que acontece no mundo todo, lançamos um vídeo fazendo uma provocação: "Residência em Residência - CRIAÇÃO E VIVÊNCIA EM CONDIÇÕES EXTREMAS". A proposta foi lançada e as pessoas interessadas deveriam criar com o que tivesse em casa, algo que fosse genuíno dentro da sua trajetória, com o material que tivessem disponível. A apresentação de cada participante aconteceu via zoom, e foi muito gratificante o desfecho da residência. Assista ao vídeo da proposta clicando aqui.


O Fashion Revolution é um movimento global que fomenta a maior transparência nos processos produtivos da moda, depois do desabamento do edifício Hana Plaza em Bangladesh, que deixou mais de 1100 mortos e 2500 feridos, em sua maioria mulheres que trabalhavam em condições análogas à escravidão.



Estas vítimas trabalhavam sem condições adequadas, sem direitos trabalhistas, em um ambiente insalubre, aquele cenário que conhecemos de peças baratas, de venda rápida, onde as costureiras recebem centavos por uma peça e o empresário visa o lucro acima de tudo. Mas não são só as peças baratas, tinha no mesmo prédio confecções que forneciam peças pra empresas bacanas brasileiras, muitas delas famosas de fashions weeks, que contratam imigrantes ilegais e cerceiam inclusive sua liberdade.

Por conta desse evento, todos os anos em abril, empresas de moda e universidades, pesquisadores, trabalhadores, engajam-se no movimento#QuemFezMinhasRoupas#DoQueSãoFeitasMinhasRoupaspara exaltar a todos e todas que fazem parte do processo de fabricação das peças e da maneira como a peça é feita, se de maneira humana e sustentável. Este ano, como estamos todos de quarentena em casa seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, o evento aconteceu online.


Tivemos quatro participantes na residência, as fotos acima são registros do resultado do Marcel Fernandes e de sua mãe Zaira. A obra se chama: Coletor de Sonhos. Palavras do Marcel: "O cabide tem o nome da minha mãe e do irmão dela assinado atrás quando eles eram adolescentes, ela não lembra ao certo e flores riscadas de caneta. Nem ela sabia que eu tinha esse cabide e ele grudou na peça com a cola instantânea, o coração da peça é minha cerâmica representando o universo se expandindo. A rocha é meu elemento poético, minha ligação com a natureza, o coração da Marília Diaz minha ligação com a arte, o amor, e, o palo santo representa a amizade, o cuidado."


As fotos ao lado são da Marcia Caldas, ela construiu um maxi colar com folhas de uma árvore de caqui que tem no seu quintal. A peça reflete sobre o efemeridade e a passagem das estações impressas nas cores de cada folha.



As fotos ao lado são do Matheus Soares, palavras dele: "a peça elaborada é um vestido com modelagem anos 60, que não marca a cintura e acaba se tornando uma peça agênero, podendo também ser usada com uma legging ou calça. 

Feito de retalhos do meu banco de tecidos, aplicados um a um, a confecção se apresentou como uma simbologia de construção e delicadeza. A peça possui recortes e costuras em formas orgânicas construídas em camadas pra simbolizar a proteção, aconchego e conforto tão almejados nesse período de fragilidade. Os desenhos formam uma paisagem indefinida, com formatos que lembram montanhas e plantas, trazendo a natureza para mais perto de quem o veste."


As fotos acima são da Eloá Antunes e Joice Farias da CAMOD, elas misturaram tecidos , texturas em novas propostas para os retalhos de produções anteriores.


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