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novembro 014

 

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todas as árvores são lindas

 

… tudo vai depender da umidade e calor da região para o cultivo do algodão. Por ser uma planta que necessita de pouca quantidade de água, deve-se realizar o plantio entre novembro e maio, assegurando-se assim a colheita para a época das secas, geralmente com sementes “tratadas” com fungicidas e inseticidas. Como as folhas no momento do máximo florescimento precisam cobrir toda a superfície de solo entre as fileiras, respeitam-se espaçamentos de 80 x 20 cm, com 1 ou 2 plantas por cova, sendo de 5 a 15 plantas por metro linear, num total de 1 milhões de hectares destinados à sua cultura ( 10.000.000.000 m² recebendo veneno em sistema de monocultura. Vale pontuar que neste sistema de plantio, quando se derruba uma grande área de cerrado para plantação, animais como tamanduás, emas e lobos-guará têm dificuldade para se alimentar, não encontrando abrigos e dificilmente conseguindo se reproduzir. Os poucos sobreviventes acabam migrando para as cidades e acarretando tantos outros desastres quase impossíveis de serem analisados em curto espaço de tempo). O algodão produzido na Paraíba é comparado em qualidade ao algodão egípcio - e a cultura convencional desta fibra utiliza 25% de todos os agrotóxicos fabricados no mundo, 8 vezes mais do que na indústria de alimentos (para você vestir uma camiseta, por exemplo, são utilizadas aproximadamente 160g de pesticidas). O cultivo orgânico é um paralelo à essa produção, tendo consciência tal que o filho de um agricultor pontuou: “não podemos usar veneno na lavoura porque o veneno mata as formigas e são elas que afofam o nosso solo” - mas essa é outra história... A produção em sua maioria é familiar, onde mães e filhos estão expostos ao câncer, alergias respiratórias, diabetes, distúrbios de tireoide, depressão, aborto e Mal de Parkinson, devido ao contato direto com veneno. No fabrico convencional de uma peça de roupa, de 15 a 20% do tecido é desperdiçado no corte, mais 5 % em filetes de costura e alguns tantos centímetros nos ajustes e barras, sendo a fabricação de roupa um dos processos mais poluentes do planeta. O consumo de água é demasiadamente grande, com significativo nível de toxicidade escoada diretamente em rios e córregos, com presença de amido, proteínas, substâncias gordurosas, surfactantes, produtos auxiliares no tingimento e corantes. Tudo que é vida no globo vai se recuperar em algum momento mesmo depois da degradação, porém, de imediato, estes resíduos impedem a passagem de luz solar na água, onde não será mais possível a vida neste ambiente e nem o consumo da água pelo homem. Quando destruímos o todo à nossa volta, precisamos ter consciência de que não estamos agredindo a natureza ou “matando bichinhos indefesos”, mas sim tornando o ambiente inóspito para a vida humana na Terra. Estamos contaminando o nosso próprio alimento, nossa água, nosso solo, nosso ar. Parece que, de repente, acontece uma pasteurização e tudo isso some dos nossos olhos e da nossa mente, com a iluminação pensada na loja do shopping, com a belíssima campanha numa página de revista e, no final de tudo, o que importa mesmo é a marca bordada eletronicamente, com 6 agulhas e 1000 pontos por minuto, na altura do peito no lado esquerdo da camiseta. Você vê sentido na maneira com que escolhe a roupa que vai vestir? Você entende o que te motiva no exato momento da compra? Você acha legal trocar de roupa porque ela caiu de moda? Você acredita na moda?

 

Estamos trabalhando, nesta coleção, com resíduos da indústria têxtil, suprindo uma das nossas maiores preocupações – a origem do tecido. “todas as árvores são lindas” reflete ainda o contrário da destruição do todo apenas em busca do lucro, desesperadamente, e colocando o peso de que uma vida vale uma vida, uma árvore é uma árvore e tudo que tem vida, deve ser imune de corte.

 

P.S.: As fotos oficiais feitas para esta coleção estavam num HD que se queimou e todas elas foram perdidas. As imagens tidas como oficiais desta campanha, foram feitas na loja para mostrar as peças antes de inscrevê-las na PQ2015 

 

 

Stefane Barbosa, em fotos de Alexandre Linhares, clicadas no dia 20 de novembro de 2014, em Curitiba, PR

 

 

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